Ir para o conteúdo

Quais são os riscos ocupacionais e como fazer o gerenciamento

Quais são os riscos ocupacionais e como fazer o gerenciamento

Riscos ocupacionais estão presentes em todos os locais de trabalho.

Os mais evidentes se manifestam em locais como indústrias, hospitais e minas terrestres, com alto potencial de prejudicar a saúde e a integridade dos trabalhadores.

No entanto, mesmo os escritórios não estão livres de riscos ergonômicos, por exemplo.

Daí a necessidade de que todas as organizações identifiquem as condições perigosas e elaborem estratégias para que sejam eliminadas ou reduzidas.

Vou falar mais sobre elas ao longo deste artigo, além de apresentar detalhes sobre os tipos de riscos ocupacionais, como fazer o mapeamento e algumas sugestões de medidas preventivas.

O que são riscos ocupacionais?

Riscos ocupacionais são potenciais ameaças à vida ou à saúde dos funcionários, decorrentes de elementos e condições presentes no ambiente de trabalho.

Conforme define esta apresentação da Fundacentro (órgão governamental dedicado à saúde e segurança no trabalho), risco é a:“Combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”.

Já o perigo pode ser descrito como fonte de origem do risco.

Dependendo de suas características, os riscos ocupacionais podem ser divididos em químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.As três primeiras classificações formam o grupo de riscos ambientais, que são dimensionados e controlados através de ferramentas como o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).Recentemente, a nova Norma Regulamentadora 01 da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT) reuniu os cinco tipos de risco num mesmo instrumento de SST.

Desde janeiro de 2022, todos eles devem constar no PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).

Quais são os riscos ocupacionais?

Os riscos ocupacionais podem ser classificados de diferentes maneiras, de acordo com o propósito dessa divisão.

Para fins de saúde ocupacional, o enquadramento mais popular foi inspirado na legislação trabalhista – especificamente na NR-01, que cita cinco tipos de risco ocupacional. A seguir, vou comentar cada um deles, incluindo exemplos para facilitar sua identificação.

Riscos físicos

São aqueles ocasionados pela exposição a diferentes formas de energia no trabalho.

Os riscos ocupacionais físicos mais comuns são:

  • Ruído: resultante de oscilações provocadas por vibrações, o ruído pode desencadear diversos níveis de perda auditiva (surdez), além de fadiga, irritabilidade, dores de cabeça e outros agravos à saúde. Máquinas e equipamentos estão entre as principais fontes desse risco
  • Calor: a exposição contínua ao calor pode levar à desidratação, insolação, erupções na pele e até distúrbios psiconeuróticos. A incidência de sol durante atividades ao ar livre e a proximidade de maquinários são condições em que se observa esse risco ocupacional
  • Frio: trabalho em frigoríficos e portos são exemplos de atividades que podem ser executadas a baixas temperaturas, elevando as chances de problemas respiratórios, rachaduras, feridas e congelamento
  • Pressão: ambientes com níveis de pressão anormais podem provocar a ruptura do tímpano e outros problemas aos trabalhadores. Atividades de mergulhadores, tubulações de ar comprimido e máquinas de perfuração são alguns exemplos
  • Umidade: galvanoplastia e limpeza estão entre os setores que mais expõem trabalhadores à umidade excessiva, ameaçando o funcionamento do sistema respiratório, cardiovascular e elevando a possibilidade de acidentes de trabalho como as quedas
  • Radiações ionizantes e não-ionizantes: são transmitidas por ondas eletromagnéticas, potencialmente absorvidas pelo organismo. As radiações perturbam o funcionamento do corpo em diferentes níveis, sendo um dos problemas mais conhecidos o potencial cancerígeno dos raios X (radiação ionizante)
  • Vibração: localizadas ou generalizadas (de corpo inteiro), as vibrações podem desencadear agravos como dor nas costas, perda de substância óssea (osteoporose), lesões na coluna vertebral e articulações. Motoristas de tratores e caminhões são exemplos de trabalhadores expostos a vibrações.

Os riscos ocupacionais são divididos em químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes

Riscos químicos

São os riscos que se originam no contato ou manipulação de produtos químicos.

Existe uma série de agentes químicos perigosos, o que engloba neblinas, poeiras, fumos, névoas, gases e vapores que podem ser absorvidos pela pele ou inalados.

Muitos deles são tóxicos, corrosivos, inflamáveis, irritantes aos olhos ou trato respiratório, cancerígenos ou perigosos para o sistema nervoso.

Um exemplo de agente de risco químico é o amianto ou asbesto, presente em materiais como telhas, caixas d’água e divisórias.

Sua manipulação expõe os trabalhadores a uma poeira comprovadamente cancerígena, capaz de provocar doenças graves como a asbestose, derrame pleural e câncer de pulmão.

Outro agente cancerígeno e tóxico é o benzeno, amplamente utilizado em locais como postos de combustíveis, indústrias químicas, petroquímicas e siderúrgicas.

Anemia, alterações cognitivas e patologias dermatológicas estão entre os males decorrentes da exposição prolongada ao benzeno.

Outros agentes de risco químico são:

  • Sílica
  • Hidrogênio
  • Dióxido de carbono
  • Mercúrio
  • Níquel
  • Urânio
  • Aldeídos
  • Propano
  • Acetona.

Riscos biológicos

Empresas especializadas na limpeza de locais públicos, saneamento básico, atendimento hospitalar e atividades laboratoriais costumam concentrar esse tipo de risco ocupacional.

Os riscos biológicos vêm de microrganismos patógenos, ou seja, capazes de provocar males à saúde quando em contato com as pessoas.

Os principais são:

  • Vírus: hepatite, dengue, febre amarela, sarampo e covid-19 estão entre as doenças transmitidas pela contaminação por vírus
  • Bactérias: são capazes de desencadear quadros infecciosos como a tuberculose, pneumonia e meningite, além de outros males como o tétano
  • Protozoários: malária e toxoplasmose são algumas patologias ocasionadas por esses microrganismos
  • Fungos: micoses, pneumocistose e sinusite fúngica são doenças provocadas por mofos, cogumelos e outras espécies de fungos.

Riscos de acidentes

Conhecidos também como riscos mecânicos, têm origem em condições físicas e tecnológicas inadequadas que podem levar a ferimentos de maior ou menor gravidade.

Altura, choque elétrico e trabalho com máquinas estão entre os riscos de acidentes que requerem mais atenção, pois podem representar ameaça à vida do trabalhador

Geralmente, o risco mecânico surge nos seguintes contextos:

  • Máquinas e equipamentos com tecnologias obsoletas ou sem adaptações para prevenir acidentes
  • Arranjo físico deficiente, aumentando fatores como o esforço físico
  • Instrumentos de trabalho inadequados, defeituosos ou danificados
  • Instalações elétricas inapropriadas
  • Ausência de sinalização de segurança em áreas perigosas
  • Falta de medidas de proteção coletiva ou individual.

Riscos ergonômicos

Podem ser descritos como os riscos que surgem da relação entre o homem e seu trabalho.Quando não são adotadas medidas de proteção à saúde física e mental, podem surgir agravos como fadiga, gastrite, ansiedade e LER/DORT.

Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho são desencadeados por fatores como postura inadequada, sobrecarga de atividades e excesso de força para desempenhar as tarefas.

Entretanto, vale listar outras fontes de risco ergonômico, a exemplo de:

  • Imposição de rotina de trabalho intensa
  • Ambiente tóxico devido à cobrança excessiva, alta competitividade, situações de bullying, assédio moral ou sexual, etc.
  • Jornada de trabalho extensa
  • Monotonia
  • Tarefas repetitivas
  • Estresse
  • Levantamento de peso
  • Trabalho noturno.

Classificação dos riscos ocupacionais por cores

Essa classificação foi criada para padronizar as informações sobre as fontes de perigo presentes em cada departamento ou local de trabalho.

O esquema de cores e riscos fica assim:

  • Verde: risco físico
  • Vermelho: risco químico
  • Marrom: risco biológico
  • Amarelo: risco ergonômico
  • Azul: risco de acidentes ou mecânico.

A atuação dos profissionais de segurança e medicina do trabalho é essencial dentro das empresas

Medidas de prevenção de riscos ocupacionais

As medidas de prevenção devem partir da estratégia de identificação, avaliação e controle de riscos descrita no PGR.

Cada agente ou condição de risco deve ser analisada para que a empresa adote ações eficazes.

Preferencialmente, a fonte de risco deve ser eliminada através da substituição de tecnologias, adaptação de processos e manutenção periódica.

Se isso não for possível, é recomendado buscar soluções de engenharia que ajudem a evitar a disseminação dos agentes perigosos.

O enclausuramento de substâncias químicas, a implementação de barreiras de controle e a adaptação de móveis para reduzir riscos ergonômicos são alguns exemplos.

Como adiantei acima, porém, nem sempre dá para eliminar ou restringir o risco ocupacional, o que pede a adoção de medidas de proteção coletiva e individual.

A proteção coletiva pode ser implementada reduzindo a concentração dos agentes no ambiente – por exemplo, aumentando a ventilação natural.

Outras ações inteligentes consistem em afastar os funcionários da fonte de risco, diminuir o tempo de exposição e aumentar a quantidade de pausas.

Por fim, mas não menos importante, vem o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como luvas, abafadores, capacetes, máscaras, entre outros.

Como fazer o gerenciamento de riscos ocupacionais

O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) deve ser feito de maneira contínua para promover a SST.

Conforme a NR-01, essa continuidade caracteriza um programa (o PGR), formado por duas partes fundamentais: inventário de riscos e plano de ação.

O inventário de riscos contempla as etapas de antecipação, caracterização e avaliação dos riscos ocupacionais, sendo composto pela seguinte estrutura mínima:

  • Caracterização dos processos e ambientes de trabalho
  • Caracterização das atividades exercidas
  • Descrição de perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde dos trabalhadores
  • Dados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes físicos, químicos e biológicos e os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR-17
  • Avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de elaboração do plano de ação
  • Critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de decisão.

A partir dessas informações, especialistas em SST traçam um plano de ação para eliminar ou reduzir a exposição aos agentes perigosos.Geralmente, são adotadas as medidas preventivas que expliquei no tópico anterior, junto à conscientização dos trabalhadores.Precisa de ajuda para gerenciamento de risco da sua empresa ? Fale conosco.